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quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Que seja dada a largada.


Desde julho se ouviam as trombetas do anuncio da corrida que iniciou ontem. De um lado o líder da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, presidindo outros 512 Deputados Federais, trazendo consigo uma bagagem de várias toneladas, além de uma forte impopularidade, acusado de ser Autoritário e ditatorial, e está sofrendo investigação pelo Ministério Público Federal e o Ministério Público Suíço, por ter possuído apenas 5 milhões em conta no  citado paraíso fiscal, não declarando tais valores a receita federal, além de outros patrimônios não declarados em seu nome e no nome de sua esposa. Do outro lado, vestindo um "lindo" conjuntinho vermelho, Dilma Rousseff, a 36º Presidente do Brasil, com sua falta de carisma e discursos pouco eloquentes e pouco lógicos, é acusada em um pedido de julgamento por crime de responsabilidade pelas pedaladas fiscais de 2014 e de 2015, pedido este que ontem foi aceito pelo outro competidor.
Quem cairá primeiro, Rousseff ou Cunha?
Que seja dada a largada!

Brincadeiras a parte, hoje vemos uma grave crise institucional no Brasil, uma dissintonia entre o Judiciário, Executivo e Legislativo, em um turbilhão que tende a piorar nas próximas semanas, e o início declarado desta disputa entre o Executivo e Legislativo, pode ter sido a gota que faltava para o rompimento de uma imensa barragem. Com um ótimo inicio após o anuncio do recebimento do impeachment pelo Presidente da Câmara dos Deputados, com indicadores econômicos mostrando que é isso que o investidor quer, cabe uma reflexão que deve ser feita, o melhor para um país, é sempre o que a força econômica almeja?
Não defendo a Dilma, ou Cunha, e nem gostaria de ver a crise institucional se alastrar. Se existe algo de bom que podemos tirar disso, é que muita sujeira, TALVEZ, seja lavada, e vai caber ao eleitor uma maior reflexão na hora de votar, para impedir que aqueles que saiam voltem mais tarde, e que a "mão" invisível do mercador possua mais freios na hora de ajudar políticos visando o enriquecimento patrimonial individual em detrimento do empobrecimento da nação.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Fechar Bares mais cedo, poderá diminuir a insegurança??


Esse assunto começou com debate no Blog do Espaço aberto, sobre a proposta do Ministério Público para diminuição da violência, fechando os bares mais cedo.  Acabou evoluindo e dois comentários que fiz viraram um outro post do próprio Blog:  O Álcool é o verdadeiro responsável?
Porém como o assunto é importante, pedi autorização ao PB, dono do Blog, para repostar os comentários aqui, só farei umas edições e tirarei alguns erros.
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O Brasil, em 2011, ocupava 20º lugar, hoje ocupa o 11º, dentre os países com mais homicídios no mundo, saímos de 27,1 homicídios a cada 100 mil habitantes para mais de 32,4. Além de tais dados, a Associação Brasileira de Criminalística afirma que somente de 5% a 8% dos inquéritos de homicídio no Brasil são elucidados. Tais dados até 2012.
No Estado do Pará, só as mortes por arma de fogo, em 2011, totalizaram 28,3 mortes a cada 100 mil habitantes. Friso, só de armas de fogo, e ainda assim estamos acima da média nacional, que foi de 20,1 mortos a cada 100 mil (2011). Em Belém, o índice foi pior: 32,7 mortes por arma de fogo a cada 100 mil habitantes. A taxa de mortes em Belém, no mesmo ano, foi 40,9. Um total de 574 mortes no ano de 2011. Desses, 459 foram por armas de fogo, 79.96%.
Logo, cabe a análise: a maior parte dos homicídios na Capital é cometido por armas de fogo. Seria o álcool o verdadeiro responsável? Catalisador? Ou estaria levando a responsabilidade pelo aumento desmedido de latrocínios e execuções? - Deixo a cargo do intérprete.
A política de fechar bares na madrugada foi iniciada em Diadema, na década passada. À época, diminuiu drasticamente os números dos homicídios locais. Porém, o caso de Diadema é sui generis,dada a estatística em 2000, que era de 76,15 homicídios por 100 mil habitantes. A lei seca não foi a única medida. Inclusive o Estatuto do Desarmamento ajudou a partir de 2004. A prova viva disso é que, em 2002, dos 325 homicídios, 291 foram por armas de fogo; em 2004 esse número foi reduzido para 183 homicídios por arma de fogo, uma redução de 37,11%.
A maioria dos crimes de violência eram homicídios dolosos, porém a maioria dos estudos em volta do tema ignoram a possibilidade de tais crimes terem ligação ou não com o crime organizado, da mesma forma que os estudos feitos na capital paraense.
Logo, resta a dúvida, poderia diminuir a violência (não só o homicídio), mas, diminuiria a insegurança?
O problema é: a solução de uma época e de um lugar não necessariamente se aplicariam para solucionar outra problemática, pois, como sabemos, muitos fatores mudaram. Aumento do poder do tráfico de drogas, aumento de ações criminosas violentas. O que deve ser analisado, no case Belém, são os horários dos assassinatos; motivo; e as conexões, não somente com o consumo do álcool (quem quiser consumir ainda conseguirá consumir), mas com o consumo em bares e casas noturnas. 
Aqui faço um adendo interessante. O MP justifica tal medida com o argumento de que 42,45% das ocorrências policiais ocorre entre as 21:00 e as 6:00 do dia seguinte. Porém... se analisarmos o horário de fechamento proposto pelo MP, que seria de 23:00, até as 6:00 do dia seguinte, as ocorrências correspondem a 16,78% e a maioria dos homicídios ocorre entre as 18:00 e 24:00. Apesar da retórica muito bem construída, os dados não batem, existem falhas nos argumentos. Se fossemos analisar a capacidade de metabolismo do homem médio, para que ficasse sob forte influencia etílica a partir das 18:00, bebendo cerveja, precisaria estar bebendo sem parar, sem se hidratar, e sem se alimentar, por pelo menos 1 hora antes. Não estou falando que não diminuiria a violência, pelo contrário, acho que pode reduzir a violência (porém não acredito que teria forte impacto sobre a taxa de homicídios), com isto estou afirmando que os argumentos do Ministério Público são frágeis e não estão pautados em estatística, da forma correta, fazendo uma indução lógica ao afirmar que o consumo em Bares "Até altas horas da madrugada", causa 42,45% da violência urbana... Ops, tem algo de estranho entre os argumentos e os dados mostrados.

Uma coisa é certa: violência e consumo de bebidas alcoólicas estão relacionadas. Mais de 54% das agressões que chegam aos hospitais públicos, o paciente ingeriu álcool. Assim como a bebida alcoólica e mortes por acidentes de transito estão intimamente relacionados. Para esta última, já existe lei, falta a continuidade das medidas fiscalizadoras.

Para finalizar, deixou aqui um case e um pensamento.
Na Inglaterra, durante a revolução industrial, as mulheres saiam ainda de madrugada de suas casas para trabalharem nas fábricas têxteis, longe de suas casas, o que elevou o número de estupros. Fizeram leis mais severas. Os capturados fizeram de exemplo; aumentaram o policiamento. Essas medidas sozinhas não diminuíram a incidência. Porém, quando as prefeituras instalaram mais postes e iluminaram melhor os caminhos que as operárias faziam todos os dias, as taxas de estupro tiveram uma queda vertiginosa. Será se punir mais, mais policiamento, fechar bares mais cedo irá diminuir a insegurança e os homicídios? Temos que urgentemente quebrar o pensamento do Modelo Simples do Crime Racional (MOSCR), onde se pensa que o indivíduo criminoso apenas analisa a possibilidade de ser pego e a provável penalidade, pois, se fosse assim, bastaria aumentar o policiamento e as penas.

Para quem não leu o Anteprojeto de Lei apresentado pelo MP:
E sua exposição de motivos:

Fontes: