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sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Qual a relação entre o jeitinho brasileiro e a "Locupletocracia" implantada na política?


Todos os dias conhecemos e julgamos fatos obscenos dentro do cenário político nacional, envolvendo políticos em atos aviltantes de corrupção, suborno, desvio de verba pública, fraude ao sistema de licitação, entre outros. Que relação esse tipo de comportamento possui com o comportamento conhecido como "jeitinho brasileiro"?
Dan Ariely, em seu livro "A incrível verdade sobre a desonestidade", fala que o Modelo Simples do Crime Racional, não consegue explicar de todas as formas o comportamento humano sobre a desonestidade. Tal modelo prega que o indivíduo desonesto verifica a chance de ganho, a possibilidade de ser pego e a possível punição. Caso verifique que os riscos são pequenos ou que é compensatório executa o ato. Caso fosse assim, bastaria existir punição mais severas e leis para tudo que rege a sociedade, inclusive para as filas de supermercado. Fila de supermercado? como assim? o que isso tem haver com a desonestidade dos políticos? Muito!
Ariely, em seus estudos demonstra que toda a sociedade pode cometer um comportamento desonesto, porém que existem limites impostos pela própria pessoa. Tal limite é o quanto uma pessoa consegue ter um certo comportamento mas continuar se sentindo honesta, ou seja, o peso que a sua consciência suporte. Ainda verificou que quanto maior a distancia entre o dinheiro e o autor do ato desonesto, mais desonesto somos. Quando o dinheiro é substituído por um símbolo ou outra coisa que possa representar/(ser trocado por) dinheiro, as pessoas tendem a ser mais desonestas. Mesmo em testes monitorados onde as pessoas tinham chances de serem pegas, seja deixando provas ou sendo filmadas a proporção de atos e do quão desonesto as pessoas seriam, era semelhante, ou seja, as chances de serem pegas não importa tanto assim.
Outro problema está na racionalização do comportamento desonesto, justificar a desonestidade por uma causa ou afirma que toma aquele comportamento porque todo mundo também o faz são exemplos de tal racionalização, e nos conduz para um comportamento mais desonesto.
Voltemos para a fila do supermercado, mais especificamente a fila do caixa rápido. A pessoa sabe que é a fila do caixa rápido, por que ela vai com um carrinho e vinte itens para a fila se o máximo permitido seriam 10? Você deve ter pensado, se fosse até uns 12 dava para passar. Mas o máximo não seria 10?
O descaso por regras sociais, culturais e legais, além de incentivos ao comportamento desonesto, tanto em mídias quanto por exemplos práticos do cotidiano, ajudam a proliferação do comportamento desonesto. Os pequenos exemplos do dia-a-dia, aqueles mais corriqueiros, são os absorvidos pelas crianças e por aqueles que estão a nossa volta.
Se quisermos remoralizar o país, temos que percorrer um caminho que primeiramente devemos trilhar sozinhos, tentando modificar as pequenas desonestidades que acabamos praticando, retirando os vícios, e lapidando a pedra bruta que somos, com educação, aprendizado e trabalho. Só assim poderemos ser úteis para modificarmos a sociedade e tentar quem sabe, (re)moralizar o Brasil.
Por fim, devemos lembrar a mais pura verdade das palavras de Joseph-Marie de Maistre: 
"Toute nation a le gouvernement qu'elle mérite" 
"Toda nação tem o governo que merece"